terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Tio Patinhas e o ouro do Yukon



A corrida ao ouro do Klondike sempre me fascinou. Influências da velhas histórias do Tio Patinhas... Criado por Carl Barks.



Don Rosa conseguiu atribuir uma cronologia às histórias dos "patos" que nunca foi uma preocupação premente nas obras Disney. "A saga do Tio Patinhas" é a obra BD mais premiada de sempre da Walt Disney.

Cada episódio é uma mescla de história real e aventura fantástica. Uma verdadeira obra prima.

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Foi bom caraças!



Durante dois breves segundos a minha voz ouviu-se em todo o país... Desculpem o momento, mas entrevistar as pessoas com o peso daquele logótipo no microfone em plenos Aliados... Foi demais!
Apadrinhado pelo jornalista Paulo Jerónimo e pelo repórter de imagem Pedro Nunes.

quinta-feira, 21 de setembro de 2006


2ª Feira - 7:30 - Felgueiras

3ª Feira - 6:30 - Ponte de Lima

4ª Feira - 9:00 - Paços de Ferreira

5ª Feira - 8:00 - Porto

Estou cansado, o dia tem amanhecido depois de mim, a minha cabeça continua a doer...

mas...

Eu vou ficar bem, tenho de ficar!

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Afinal não houve notícia

Mais ou menos para lá do fim do mundo, no concelho de Felgueiras, uma escola não chegou a ser trancada a cadeado pelos pais indignados. Mas a viagem foi feita, estávamos lá, para nada... Sabe bem estar às 7:30 em ponto num sítio e sair com aquele ar de tempo perdido, ah se sabe!!
Amanhã às 6:30 a caminho de Ponte de Lima. Desta vez até a GNR promete estar lá em directo. Isto promete - Vida boa!

segunda-feira, 15 de maio de 2006

Good Night and Good Luck - Há 50 anos como hoje.


“No fim deste discurso, algumas pessoas podem acusar este repórter de desonrar o seu próprio e confortável ninho, e a sua organização pode ser acusada de ter sido hospitaleira a pensamentos heréticos e até perigosos. Mas a complexa estrutura de emissoras, agências publicitárias e patrocinadores não será abalada ou alterada. É meu desejo, se não minha obrigação, tentar falar-vos, trabalhadores experientes, com sinceridade sobre o que está a acontecer com a rádio e a televisão. Não tenho nenhuma dica ou conselho técnico a oferecer àqueles que trabalham nesta área de produção de palavras e imagens. Hão-de me perdoar por não dizer que os instrumentos com os quais trabalham são fantásticos, que a vossa responsabilidade não tem precedentes ou que as vossas aspirações são frequentemente frustradas. Não é necessário lembrar que o facto de as vossas vozes serem amplificadas ao ponto de atingirem de uma costa a outra do país não lhes confere maior sabedoria ou compreensão do que vocês possuíam quando elas alcançavam apenas de um lado a outro de um bar. Vocês sabem tudo isso.” - É com este discurso de Edward Murrow, na convenção da Radio-Television News Directors Association em 1958 que se inicia “Boa Noite e Boa Sorte”, o segundo filme de George Clooney. Actor que se tornou conhecido na série “ER” – serviço de urgência, onde interpretou ao longo de 5 anos (1994-1999) o pediatra Douglas Ross. A sua ascensão como actor foi tremenda desde 94, a carreira de realizador é ainda curta, mas bastante promissora.
A escolha do tema deste filme não terá surgido por acaso a Clooney, que foi buscar a inspiração ao seu próprio pai, também ele jornalisa televisivo como Edward Murrow, a figura central deste grande filme, interpretada por um brilhante David Straiharn. Trata-se de um verdadeiro hino à liberdade, em tons de documentário sobre a ética e a moral. Preciso e seguro desde o início até ao final – não é longo nem demasiado curto, tem um poder de síntese essencial para o jornalismo. Porque é de jornalismo que trata este filme, muitos anos antes do caso Watergate. Aliás no visionamento de “Boa noite e boa sorte” é inevitável remetermo-nos para “Os homens do presidente” de Alan Pakula onde Robert Redford e Dustin Hoffman dão vida a Bob Woodward e Carl Bernstein – jornalistas que desvendaram o famoso escândalo.
Filmado a preto e branco, num registo de grande contenção, o filme mostra-nos o trabalho da equipa de produção do programa “See it now” da CBS, na sua luta para expor a verdade sobre o senador Joseph McCarthy (que aparece no filme, ele próprio, em registos gravados à data dos acontecimentos retratados no filme) e a sua campanha contra os núcleos comunistas nos EUA. Campanha que ficou conhecida como “caça às bruxas, onde muitos comunistas e não só, se viram denunciados pelo comité do senador, ficando privados do seu trabalho e da sua liberdade, num tempo de frenesim histérico e de um clima de terror constante – Há 50 anos como hoje, a actualidade de tudo o que se passa no filme é tão notável como preocupante.
É impressionante a forma como este filme nos consegue cativar, sem praticamente nunca sair do estúdio de televisão, envolvendo-nos nesse caos controlado, claustrofóbico, desse mundo hermético. As excepções são as idas da equipa ao bar em frente aos estúdios após o trabalho, de madrugada, onde lêem em conjunto o New York Times, e as suas apreciações ao seu trabalho, assim como a análise e evolução aos casos que eles próprios investigam. E também uma rara cena da vida conjugal de Joe e Shirley Wershba (Robert Downey Jr. e Patricia Clarkson) que surge aqui como uma crítica à política das produtoras de então, que impediam o casamento entre profissionais na mesma equipa. Debaixo de toda esta tensão, a libertação emocional fica a cargo da banda sonora, onde o Jazz impera, pontuado com algumas actuações no próprio estúdio, sempre num clima intensamente intimista.
Todo o filme é uma soma de pormenores, ele próprio é um pormenor da história do jornalismo e da televisão, um pormenor que faz a diferença, como só as coisas verdadeiramente importantes podem fazer. Toda a atenção dos planos se centra constantemente na forma como David Strayharn pega no seu cigarro, ou em George Clooney que interpreta ele próprio o produtor Fred Friendly, tocando com a sua caneta na perna de David dando-lhe o sinal de que está no ar. Absolutamente nada é deixado ao acaso. Todo o ambiente carregado de fumo dá um toque único ao filme nesta época em que a América vive traumatizada pela questão tabagista. Dentro dessa perspectiva é inevitável relembrar “O informador” de Michael Mann com Al Pacino e Russel Crowe.
George Clooney pensou inicialmente representar ele próprio Edward Murrow, mas a escolha de David Straiharn não podia ser mais acertada – a sua contenção, a sua expressão desapaixonada aliada aos seus silêncios e sobretudo a sua voz confirmam isso. David não tinha tido no cinema ainda um grande papel, ele que vem do universo da Brodway, mas conquistou assim Hollywood, como se confirma pela sua nomeação para o Óscar de melhor actor. Depois de Syriana, Clooney parece querer afastar-se claramente dos seus papéis de galã, e assumir uma postura ideológica clara, quer como realizador, actor ou argumentista.
O tom sóbrio, o fabuloso elenco, a eloquência dos textos de Murrow e a sua moral, fazem deste filme um dos melhores de 2005. Uma palavra final para o título do filme, que é nem mais nem menos do que a forma como Edward Murrow se despedia sempre dos seus telespectadores. E como despedida nada melhor do que ficarmos com as próprias palavras de Murrow, no mesmo discurso lido no início do filme, pois é desta mesma forma que o filme acaba: “Para aqueles que dizem que as pessoas não assistiriam, (a programas que reflictam sobre as duras e inflexíveis realidades do mundo em que vivemos) que não se interessariam, pois são muito complacentes, indiferentes e alienadas, posso apenas responder: há, na opinião deste repórter, consideráveis provas contrárias a esta argumentação. Mesmo que estejam certos, o que têm a perder? Porque se estiverem certos, e este instrumento for bom apenas para entreter, divertir e alienar, então a televisão já está vacilante e veremos em breve que toda esta luta estará perdida. Este veículo pode ensinar, iluminar; sim, pode até inspirar. Mas só pode fazê-lo se os seres humanos estiverem determinados a usá-lo para estes fins. De outro modo, são meramente cabos e luzes numa caixa. Há uma grande e talvez decisiva batalha a ser travada contra a ignorância, a intolerância e a indiferença. Esta arma, a televisão, poderia ser útil.
Boa noite… e boa sorte."

João Manuel Malainho

quinta-feira, 9 de março de 2006

Match Point - uma vez mais



“As pessoas subestimam a importância da sorte, a questão é se a bola cai de um ou doutro lado da rede” uma frase marcante, que podia ser apenas mais uma, mas neste filme nada é por acaso, absolutamente nada. Esta frase é o mote para todo o desenlace de uma história aparentemente simples – A ascensão social de um jovem ex-tenista, Chris Wilton (Jonathan Rhys Meyers), que conhece as pessoas certas nos momentos certos, que revela talento em tudo o que faz – mas só o consegue demonstrar tendo a sorte de estar lá, naquele preciso sítio, naquela hora exacta. Neste caso no seio de uma abastada família inglesa, que o acolhe de braços abertos. Quer porque a filha se apaixona por ele, ou porque o filho cria uma grande amizade com este, com quem tem aliás aulas de ténis. A empatia com o pai da família é também tremenda, até porque este quer “apenas” ver a filha feliz.

E pronto, tudo a bater certo ao ritmo da ópera que acompanha o filme (Woddy Allen trocou o Jazz e a sua Nova York, pela ópera e a mítica Londres) numa pontualidade tão cara aos britânicos. Mas… Surge a bela Nola Rice (Scarlett Johansson), namorada do cunhado de Chris. A paixão entre Nola e Chris revela-se imediatamente, embora debaixo da descrição de ambos. Daí em diante o conflito interior de Chris cresce sem retorno. A agora sua mulher Chloe é o rosto do carinho, da ternura… Mas Nola é o fruto mais apetecido, o objecto de desejo, aquela por quem Chris iria até às profundezas sem olhar para trás.

E foi de facto, foi tanto que mais não conto, para não estragar o suspense a quem ainda não tenha visto o filme e queira ver. Algo que aconselho vivamente. Não esperem um tradicional Woody Allen, nem um filme romântico onde o amor surge pintado em ternos tons rosa. Ambição versus paixão, de que lado irá a bola cair? E até onde irá o papel da sorte nesta história são curiosidades a ser desvendadas, num filme que surpreende, mas que tem de ser visto com disponibilidade emocional. Caso contrário pode-se cair na leviandade de o considerar banal.

É um filme onde os diálogos, sem surpresa tratando-se de um filme de Allen, são extraordinários. A traição latente até à resolução final não é ofensiva, vive da dualidade para alguém a quem tudo não basta e que se atreve a ridicularizar os pressupostos de justiça. Fielmente cru, tremendamente verosímil, assim é mais esta obra fabulosa de Woody Allen que, na minha opinião, merecia vencer o Óscar de melhor argumento original bem mais do que Crash.

João Malainho